Ou seja, coíbe-se a venda e ignora-se quem faz a máquina funcionar. Os usuários não gostam de lembrar da responsabilidade como financiadores do tráfico de drogas. Alimentam um mercado manchado de sangue e muitas vezes, paradoxalmente, mostram indignação perante a violência urbana a qual ajudam fomentar.
28 de setembro de 2007
hypocrisis cannabis
Ou seja, coíbe-se a venda e ignora-se quem faz a máquina funcionar. Os usuários não gostam de lembrar da responsabilidade como financiadores do tráfico de drogas. Alimentam um mercado manchado de sangue e muitas vezes, paradoxalmente, mostram indignação perante a violência urbana a qual ajudam fomentar.
24 de setembro de 2007
Igrejas S/A
- Igreja Universal do Reino de Deus – 64 processos
- Igreja Apostólica Renascer em Cristo – 50 processo
- Igreja Evangélica Assembléia de Deus - 49 processos
- Igreja do Evangelho Quadrangular – 6 processos
- Igreja Internacional da Graça de Deus – 3 processos
Obviamente, não dá para tirar uma conclusão definitiva sobre alguma pessoa física ou jurídica apenas com base processual. Mas, no caso dessas igrejas, as árvores denunciam os frutos.
20 de setembro de 2007
Muito além da mera cara de pau
Não, excelentíssimo senador. O Brasil faz outra pergunta. A indagação apropriada é saber como um chefe do legislativo que mal consegue se fazer entender no ato de sua defesa continua desfrutando dos louros do poder.
Aliás, Renan, seria sensato sugerir à Vossa Excelência andar nas ruas para receber o carinho do povo que lhe é tão complacente. O país acredita em sua inocência, resta saber qual país.
17 de setembro de 2007
A riqueza e os cobertores
A tese do pensador poderia explicar algumas coincidências climáticas vistas no globo referentes às nações, de um lado, desenvolvidas e subdesenvolvidas, de outro. Seria de pensar: Estados Unidos, Canadá e uma boa porção da Europa possuem climas predominantemente frios e são países prósperos. Nas latitudes mais próximas à Linha do Equador, no entanto, temos a atrasada América Latina e a paupérrima África.
Excesso de determinismo detectado – grita o leitor. De fato, o autor parece desconsiderar que para se analisar um país tendo como foco seu desenvolvimento, é necessário levar em conta vários valores componentes de uma sociedade. Um exemplo é bastante ilustrativo: nações de cultura protestante tenderam, ao passar da história, a adquirir maior prosperidade em relação aos povos católicos. A doutrina protestante jamais condenou a obtenção do lucro e tampouco cobrou de seus seguidores uma vida terrena servil. Muito diferente da noção católica cujo cerne doutrinário pregava uma vida modesta em troca de benefícios no paraíso. Evidente, a modéstia nunca foi verbete integrante do vocabulário dos ocupantes de cargos altos do clero.
A tese acima foi elaborada pelo sociólogo e economista alemão Max Weber e detalhada no livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, de 1920. Essa pode ser descrita como uma teoria mais adequada que a de Montesquieu sobre determinantes sociais. Ao contrário da primeira, toma como base uma característica social tangível - a doutrina religiosa de um povo e suas implicações práticas. O outro ponto a favor de Weber é a aparente tentativa de restringir seu comentário apenas ao campo econômico, deixando de lado deliberados achismos.
Se levarmos o comentário de Montesquieu a sério demais, não será possível explicar a Austrália e a Mongólia, por exemplo. Isso sem falar em boa parte do frio e pobre leste europeu. A favor dele, talvez uma sensação comum a muitas pessoas. O excesso de calor pode comprometer a concentração e, por conseguinte, a produção intelectual. Isso, é claro, é bastante baseado em senso comum e varia de pessoa para pessoa.
Montesquieu entendia muito bem de legislativo, executivo e judiciário. Revolucionou a gestão da coisa pública em boa parte dos países ocidentais. Mas, na relação temperatura e desenvolvimento, foi um tanto infeliz. Pessoalmente, ao menos, ele tem certa razão no quesito “sensibilidade aos prazeres”. Não, não sou um hedonista de carterinha. Acontece que, no calor enfrentado neste Distrito Federal, procuro tentar - para usar um termo econômico - maximizar meu bem estar.
14 de setembro de 2007
Batendo cabeça
12 de setembro de 2007
Pizza alagoana
Como sempre, tudo acabou com uma suculenta pizza preparada por nosso legislativo. Entretanto, o mais curioso não é a cassação ou absolvição do senador, mas sim a longa discussão em torno do caráter secreto ou aberto da votação.
O que era para ser uma decisão secundária, virou motivo de embate. Mais do que o processo em si, a forma como a votação seria realizada tomou ares de fiel da balança. Ora, teoricamente a opinião dos senadores em uma votação tem de ser baseada nas evidências. Isso independente de ser secreta, aberta ou o diabo.
11 de setembro de 2007
O ex-difunto, o ex-imbecil e o carnê da sacanagem
4 de setembro de 2007
A ladra insistente e os mercadores da fé
A matriarca da quadrilha Renascer, vendo suas franquias perdendo clientela, decidiu, então, praticar estelionato de dentro da prisão. O difícil é constatar que existam pessoas suficientemente convencidas sobre uma perseguição ao casal Hernandes promovida por “forças diabólicas”. A lógica é bastante simples: a Justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público são entidades lá de baixo em luta contra o casal portador da revelação divina. Para estes, é mais fácil acreditar num embate jurídico-espiritual entre os reinos de Belzebu e Jeová do que a constatação do caráter duvidoso de seus líderes.
Os Hernandes não são os únicos oportunistas a tirarem proveito da credulidade alheia. Há um grande número de tele-evangelistas que principalmente nas madrugadas se dedicam ao ofício de subtrair. Como bem ilustra em tom irônico o jornalista Janer Cristaldo: "Se Deus o escolheu como patrocinador, você não pode recusar essa graça. O irmão vai passar o boleto bancário. Se você não sabe preencher, o irmão preenche. Se você não tem caneta, o irmão empresta". É possível que a sátira do articulista tenha sido inspirada no pastor Romildo Ribeiro Soares. R. R., como é conhecido, ensina em horário nobre a maneira adequada de preencher o boleto.
3 de setembro de 2007
Dirceu quer controle de imprensa
Aqui, o problema não foi o pedido, mas sim quem pediu. Munido de uma lustrosa cara de pau, Dirceu, acusado de corrupção ativa, justificou sua exigência com base no vazamento de pareceres judiciais e também pelas célebres fotos tiradas pelo repórter Roberto Stuckert, do Globo - as imagens capturam conversas por computador entre ministros.
Tentar calar a imprensa é uma boa maneira de fomentar a impunidade. Dirceu acredita que o eco dado pela imprensa ao escândalo, além de influenciar no julgamento, é baseado em uma mentira capciosa de Roberto Jefferson. "A palavra do Roberto Jefferson é zero, não vale nada. Veja a história dele, os antecedentes dele", salientou dirceu.
Tudo bem, Bob Jeff é integrante a laia e nada pode ser baseado somente em seu discurso. Mas será que a palavra do procurador geral da República Antônio Fernando de Souza bem como a decisão do STF de aceitar por unanimidade todas as denúncias contra Dirceu não valem nada? É difícil imaginar que o Supremo iria aceitar por unanimidade denúncias feitas sem nenhum embasamento por um procurador. O judiciário pode ser lento, mas burro certamente não o é.
A imprensa, por sua vez, erra, já errou e vai continuar errando. É claro, não é perfeita e está sujeita a más apurações e até mesmo a equívocos deliberados. Mas tem o dever social de fiscalizar os poderes em todas as instâncias e garantir ao cidadão o direito à informação. Em caso de abuso, existem os crimes de imprensa. Para Dirceu, seria adequado pedir honestidade sobre as intenções daquilo que fala. Pelo visto, pedir honestidade é pedir demais.