12 de setembro de 2008

Humanas em universidades

ATENÇÃO, IDIOTAS: TEXTO MERAMENTE HUMORÍSTICO!

Existem alguns tipos clássicos de estudantes dentro dos departamentos de humanas das universidades. Se o curso for filosofia, então, é melhor ir embora para casa e fumar o baseado sozinho. Mas mesmo assim vale a pena clarificar a fauna. Voltando aos tipos. Existe o tipo gay. O tipo gay é auto-explicativo. O tipo gay dá a bunda – não diga! Evidentemente ele dá a bunda de forma filosófico-contestadora. Isto é, como o nosso padrão moral cristão não permite que uma pessoa dê ou venda o seu próprio ânus, o tipo gay irá dar o marquês de rabicó num ato que objetiva minar a autoridade do sistema moral vigente (claro, também, que poderá evocar a antiga Grécia para praticar o ato). Aliás, nem precisa ir muito longe: se Foucault dava a bunda, que mal há em compartilhar o anel? Além do mais, esse papo de heterossexualidade é algo muito fora de moda. É mainstream por demais. Não cola. Para muitos estudantes de humanas, é cool dar o rabo. Lembrando que cool é uma palavra cool, e todas as palavras cool são muito, mais muito gays. Mais gay do que isso só um filme do Pedro Almodóvar.

Há também o tipinho comunista. Antes de tudo: o tipo comunista se identifica pelo cheiro. Qualquer pessoa dentro de um departamento de humanas que estiver com o cheiro da cueca do seu pai após um prazeroso futebol é um comunista. Semelhantes aos gays, os comunistas gostam de dividir. Os bens alheios, é claro. Jamais os seus. Os comunistas universitários usam tênis Adidas, camisas Nike, cuecas Zorba e, quando transam, camisinhas Jontex. Apesar disso, são os primeiros a atacar a propriedade privada e a livre iniciativa. Defenestram Smith e Milton e idolatram Marx e Engels, mesmo que usufruam de todas as benesses de um livre mercado. Obtusos, adoram a figura de Che Guevara e andam por todos os lados com a camisa do fuzilador argentino. A barba também é um item interessante. Os comunistas andam com a barba por fazer. Barba bem feita é coisa de pequeno-burguês neoliberal amante do imperialismo norte-americano. A barba parece passar certa áurea proletária ao usuário. Maravilha! O problema é que os celerados jamais, eu disse jamais, irão pegar em uma enxada. Comunismo é bom no país dos outros.

Dentro dos tipos comunistas, há uma subdivisão que merece ser contemplada: os militantes estudantis. Em primeiro lugar – e isso é uma verdade absoluta -, nada pode ser mais chato, pedante, escroto, maldito, filha-da-puta, desgraçado, fedorento e lazarento do que um militante estudantil. O adjetivo fedorento é usado pelo fato de que quase todo militante estudantil é um comunista. Tal tipo quase sempre faz parte do diretório central dos estudantes da universidade. Se não faz parte do DCE, certamente fará parte do centro acadêmico - CA. A diferença entre DCE e CA? Nenhuma, ambas costumam ser uma boa merda. O militante estudantil, evidentemente, é um entusiasta da União Nacional dos Estudantes – a famigerada UNE. Ele acha que a UNE é muito massa. Ele acha que a UNE é muito bacana. Ele acha que a UNE é bastante imparcial. E apesar de saber que a UNE é um dos maiores instrumentos utilizados pela esquerda revolucionária para idiotizar otário, nega isso até o fim. É impressionante como aluno de curso de humanas acha bonito ser revolucionário. Nada como discutir a mais-valia pelo Orkut.

Existe ainda o tipo pseudo-intelectual. É preciso frisar que o tipo pseudo-intelectual é mais identificável pela vestimenta do que pela mente, apesar de já se perceber um espécime típico pelo papinho pedante. A roupa apenas o identifica de longe. O tipo pseudo-intelectual usa óculos de aro grosso. Isso é imperativo: não há como simular conteúdo sem ter óculos com aro grosso. Se você não tem, compre. Caso não tenha problemas visuais, use mesmo assim. Outro item interessante é a calça quadriculada. Apesar de não ser um item obrigatório, pega bem. Mas a calça pode ser substituída por outra, jeans, desde que não seja de marca da moda e seja cool. Gostar de filmes europeus de baixo orçamento é imperativo. Se não conhecer nada de Godard ou Bergman, está fora. Nem adianta choramingar. Conhecer apenas filmes americanos indica que você é parte da massa. Literatura, sobretudo autores franceses, são bem apreciados. Se você leu Sartre, Camus, Baudrillard, a bicha do Foucault ou algum outro francês e saiba, com média propriedade, masturbar o pensamento de tais autores, você será aceito no meio. Mas voltando às roupas. Não se esqueça: óculos de aro grosso e calça quadriculada (ou jeans) são imperativos. Recomendam-se também mochilinhas de pano e sandálias estilo Moisés. Vale lembrar que os tipos pseudo-intelectuais frequentemente participam do primeiro grupo listado neste texto. Não é uma regra, mas não dá para confiar. Em tempo: fume. Fume com estilo. O modo de pegar o cigarro diz muito sobre sua robustez intelectual. Se você pegar o cigarro com o polegar e o indicador, você não é um intelectual, e sim um pedreiro. Um intelectual faz assim: ele senta, cruza as perninhas, tira o cigarrinho da mochilinha de pano, pega o cigarrinho com o indicador e o médio, acende, traga e - preste atenção nisso - sopra a fumaça olhando para o lado oposto da mão que segura o pequeno cilindro. O fato de existir a possibilidade de você desenvolver um câncer, enfisema, ficar broxa e morrer deve ser desconsiderado. Fumar é estilo. Fume e não discuta. Com tais figuras povoando os departamentos de humanas, é melhor mesmo que as verbas para pesquisa nessa área sejam muito, mas muito bem dosadas.

Até mais, “camaradas”.