20 de dezembro de 2009

De que lado está, senhor Altamiro Borges?

O Partido Comunista do Brasil - PCdoB - é realmente um partido com gente divertida. Além do ilustre Walter Sorrentino (ver post abaixo), conta também com o apoio de Altamiro Borges, que é jornalista e presta serviço como secretário do comitê de comunicação do partido. Altamiro Borges proferiu uma comunicação, há alguns meses, em evento que antecedeu a Conferência Nacional de Comunicação – Confecom. O jornalista demonstrou bastante preocupação com a hegemonia dos “barões” da imprensa brasileira. Disparou contra as famílias Marinho, Civita, Frias e mais algumas outras que controlam grandes meios de comunicação no país.

Para Altamiro Borges, tem de haver maior democratização no que tange à circulação de informação. Segundo ele, deveríamos fomentar a viabilidade de outros veículos para competir com os grandes. Em primeira análise, as propostas são até boas. Podemos dizer que ao se incentivar veículos alternativos, talvez seja possível existir maior diversidade de opiniões e pontos de vista diferentes. Conviver com a multiplicidade de opiniões e pontos de vista – estejam eles certos ou errados – é um dos pilares de qualquer democracia que se pretenda séria.

O problema é que comunista não nega o gene totalitário. E quando resolve falar de democracia ou assuntos correlatos, a pulga sempre deve nos subir do cangote para a orelha. No site do PCdoB - que, como dito, conta com os préstimos de Altamiro Borges - vemos a seguinte proposta de ação em caso de de o partido tomar o poder e tiver, finalmente, a possibilidade de instaurar o paraíso socialista no Brasil:

A FIM de impedir a difusão em massa de idéias e concepções decadentes e reacionárias e assegurar o acesso dos trabalhadores e do povo aos meios de ampla comunicação social, os canais de televisão e as estações de rádio serão convertidos em propriedade estatal, ou de Fundações ligadas à entidades sociais e culturais, ou de centros de Estudos e Pesquisas científicas, ou, ainda, das Universidades.

Ou seja, o PCdoB se julga no direito de decidir o que são “idéias e concepções decadentes e reacionárias”. Além disso, pretende impedir a difusão em massa de tais idéias. Dessa forma, o partido se coloca em uma posição de perfeição epistêmica que chega ao ponto de pontificar sobre o que pode e o que não pode circular. Se Altamiro Borges tem qualquer tipo de ligação com o Partido Comunista do Brasil, é bastante provável que já tenha lido suas propostas no sentido de construir um “futuro socialista”. Se não leu, é relapso.

Supondo que Altamiro Borges leu o programa do próprio partido que apóia, entra em um pequeno conflito. A mesma pessoa que disse endossar a pluralidade de idéias é entusiasta de um partido que, uma vez no poder, irá acabar com a livre circulação de idéias. E Qualquer medida que impeça a livre circulação de idéias, sejam elas quais forem, está em pleno desacordo com o debate livre e com a pluralidade de opiniões. É simples, Altamiro Borges: ou se apóia a liberdade de opiniões ou se é do PCdoB. Mas há quem prefira ser do PCdoB.