7 de fevereiro de 2008

A ministra e o mito

Escreve o articulista da Folha de São Paulo Hélio Schwatsman: Há duas semanas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou de um evento criacionista e, em seguida, defendeu o ensino de teorias "alternativas" ao darwinismo.
A ministra parece desconhecer o que significa teoria em ciência. Por não ter nenhuma espécie de embasamento experimental, o criacionismo não passa de uma mera hipótese religiosa. Trata-se somente de mais um mito de criação como outros vários.
Aliás, a petista não disse quais mitos de criação deverão ser ensinados nas escolas. Quem sabe o Hindu? Seria edificante ensinar às nossas crianças que Brahma, em meditação, decidiu criar a multiplicidade do universo e tudo que nele há. Ou talvez a versão grega em que Urano (céu) se casa com Gaia (Terra) e o matrimônio dá origem a tudo. O mito bíblico, preferido da ministra, possui tantas evidências como os acima citados, ou seja, nenhuma. Não se apresenta uma hipótese religiosa como alternativa às teorias científicas já postuladas. Uma ministra de Estado deveria saber disso.
Estudar os mitos como representações culturais é legítimo. Porém, vesti-los com verniz científico é desonesto.
O artigo de Schwatsman faz parte da coluna virtual "Pensata" e pode ser lido no site da Folha.