29 de outubro de 2007

Esfarrapada

Saiu no Terra: Ambientalistas do Irã estão em alerta com o aparente suicídio em massa praticado por 152 golfinhos nos dois últimos meses. Mas, de acordo com autoridades ouvidas pela agência AFP nesta segunda, a pesca na costa do Irã seria a culpada pela morte dos animais.
Pesca na costa do país é desculpa. Em verdade, ocorre que os simpáticos mamíferos, assim como outros mamíferos, não suportam mais viver em terras onde vigora uma teocracia repressora e estúpida. Se reclamar, Ahmadinejahd e Khamenei matam. Como não há opção, o suicídio.
Por enquanto só os golfinhos. Em pouco tempo serão os gatos, cachorros, galinhas e grande parte da fauna.

18 de outubro de 2007

Doce discórdia

Leio no Yahoo.com.br: A polêmica escultura de chocolate de Jesus Cristo nu, do artista canadense Cosimo Cavallaro, será exibida numa galeria de arte de Nova York, depois de outra galeria cancelar a mostra cedendo a protestos de grupos católicos e ameaças de morte ao escultor.

No mínimo interessante. Dessa forma os "equilibrados" religiosos do ocidente se igualam àqueles do oriente pela qual, inclusive, fazem questão de manter uma certa distância. Não se diferem em nada do teocrada enlouquecido Aiatolá Ruhollah Khomeini, ex-líder espiritual do Irã, que em 1989 ordenou a fatwa contra o escritor britânico Salman Rushdie por este ter escrito um livro que contestava certas doutrinas do mundo islâmico. A fatwa, nas bandas orientais, é uma espécie de pena de morte. Em termos práticos, qualquer muçulmano ao cruzar com Rushdie no caminho deverá matá-lo. É absurdo, mas verdade. O sagrado conhecedor das leis santas de uma terra onde homossexuais são executados querendo legislar sobre a vida (ou morte) de um escritor britânico.
No caso do Cristo nu em chocolate, se os católicos não gostaram, que se limitem a ignorar a calórica e sacrílega obra. Além de ser uma estratégia mais inteligente, não remonta ao passado medieval da Igreja de Roma.

10 de outubro de 2007

"Hiperbolesco", hiem?

Press-release anunciando o show de Steve Vai na cidade de São Paulo:

Tido como o mais original, criativo e talentoso guitarrista de todos os tempos, considerado o moderno Jimi Hendrix, Steve Vai faz uma única e imperdível apresentação em São Paulo no Bourbon Street, lançando o CD Sound Theories.

Ok, todos sabemos sobre a função desse típico instrumento de assessoria de comunicação, o tal do press-release: divulgar o peixe para a imprensa na esperança que esta última repasse um cardume para o público. Faz sentido.

Mas também não precisa exagerar e cair no ridículo. Steve Vai é talentoso? Sim. Virtuoso? Afirmativo. Criativo? Muitíssimo. Dizer, no entanto, que é o mais incrível e absurdamente inacreditável maestro das seis cordas da história de toda a humanidade é cair na vala do ridículo.

Jimmy Page
Eric Clapton
Brian May
Eddie Van Halen
Steve Howe
David Gilmour
Al di Meola
Jeff Beck
Mark Knopfler
Alex Lifeson
Joe Perry
Stevie Ray Vaughan
Eric Johnson
Zakk Wylde
Ace Frehley
Steve Morse
Mathias Jabs

Como ficam esses? E os tantos outros? E mais: quem considerou Vai o moderno Hendrix?

Desnecessário o oba-oba dessa cabeça de press-release. Vai não precisa disso. Lançou, entre outras pérolas, For The Love of God, Tender Surrender, Answers e Hand on Heart. Lotus Feet, gravada com uma orquestra holandesa, foi, inclusive, tema da minha entrada no meu casamento.

Essas "Ascom", viu.

2 de outubro de 2007

Animais Futebol Clube

Assisti hoje no horário do almoço ao programa esportivo “Jogo Aberto”, da Band. O tema principal da edição abordou protestos e intervenções violentas de torcedores de futebol perante os fracassos de seus times. Não faltaram cenas de corintianos em combates com a polícia, flamenguistas enlouquecidos brigando entre si e botafoguenses destruindo o patrimônio do clube.

O torcedor de futebol fanático é um animal estúpido. Quando em bando, é de alta periculosidade. Trata-se de imbecil que não consegue separar a vida particular de uma entidade privada, caso dos clubes. Aliás, organizar protestos ou qualquer tipo de ação para melhorar o resultado das equipes é, a rigor, um ato estranho e quase sempre inútil (torcer, em si, também é uma coisa curiosa, mas deixemos isso de lado).

Um clube de futebol, apesar dos fatores emocionais que o envolvem, é uma entidade tão privada como uma empresa qualquer. Fazer quebra-quebra por causa do time do coração é como protestar por possíveis prejuízos das Casas Bahia, por exemplo. Legalmente, o torcedor não sofre prejuízo ou lucro nenhum com os resultados de sua equipe, seja lá qual forem. E não adianta objetar com o argumento do torcedor que gasta com ingresso, pois o futebol é uma incógnita e não existe garantia de vitória.

Claro, não sou um total estraga prazeres. Gosto de futebol e tenho acompanhado o campeonato brasileiro. Infelizmente, meu time, o Galo Mineiro, não anda bem das pernas e é ameaçado com o fantasma da segundona. Mas isso não me dá o direito de virar um vândalo enfurecido, como visto na reportagem. Xingar o juiz, gritar nas arquibancadas, comemorar o gol é legítimo e até saudável. É normal do futebol. Mas enquanto alguns mentecaptos não tomarem consciência do fato de existirem outras coisas mais importantes na vida, as cenas vão se repetir.