20 de dezembro de 2008

Vandalismo também é arte

Recentemente, Pivetta, pichadora profissional, foi solta da cadeia. Não faltou intelectual que defendesse a meliante que pichou um andar da Bienal de São Paulo. Intelectuais costumam ser um problema para o país. Quando defendem algo, muito provavelmente devemos acreditar no exato oposto. Não costuma falhar, sobretudo no Brasil. Neste caso não seria diferente: se o mandatário da pasta de cultura do estado ligou para o governador José Serra implorando para soltá-la, é sinal praticamente inequívoco que deveria continuar presa. 
Pivetta faz parte de um grupo chamado Sustos. As contribuições que os Sustos dão à humanidade são o emporcalhamento das ruas, o vandalismo e a depredação do patrimônio público. Como nosso patrimônio público não vale tanto assim, a maior contribuição de Pivetta e seu bando é o analfabetismo. Em uma das pichações na Bienal se lê "Abaixa a ditadura". Nos anos 60 e 70, ao menos, a frase era escrita corretamente nos muros. 
Há quem defenda que a pichação é uma forma de arte. Precisa de muita masturbação intelectual para achar que um "Comando Máfia Azul" pichado no túnel da lagoinha, em Belo Horizote, é uma manifestação artística. Se for arte, sem problemas, aceito. Eu não vou discutir com pichadores. Os artistas da pichação também costumam ser excelentes na arte do tiro. Agora, porém, eles não precisam mais bater, atirar ou fugir da polícia. Basta citar uma passagem de um intelectual qualquer e tudo se justifica. A tentativa de coibição do ato de pichar se transforma, automaticamente, na mais perniciosa censura à arte. 
Chegamos em um tempo que meliantes pichadores não são mais meliantes pichadores. Agora são paladinos da arte vanguardista. Aguardo ansiosamente que o muro de frente para minha casa seja declarado patrimônio artístico. Nele se encontra a inscrição "é nóis". Também quero ser artista. Vou comprar meu spray já.