31 de janeiro de 2009

Qual a cor da chapa mesmo, camarada?

Segundo o site da revista Carta Capital, militante petista tem 50% de desconto em assinatura. Fosse a Veja concedendo descontinhos para, digamos, filiados ao DEM, o barulho seria grande. Mas do lado vermelho da força pode, e Mino Carta tem prazer em ajudar. 
Para quem duvidar:

27 de janeiro de 2009

Mais Fórum e a justiça de um lado só

O jornal O Globo noticiou que o Governo Federal gastou R$ 120 milhões de reais para a realização do Fórum Social Mundial, que este ano ocorre no Pará. Alguém protestou? Apropriação de dinheiro público para a causa, pode sim senhor. Mais: o Governo do Pará se encarregou de distribuir 600 mil camisinhas para os participantes do evento. Pelo visto, também querem foder com o uso do erário. Tudo muito justo. É em nome da causa. Então tá.
Justiça Cegueta
O ministro da Justiça Tarso Genro concedeu asilo político a Cesare Battisti, condenado por quatro assassinatos na Itália. Battisti fazia parte de uma organização de extrema esquerda quando cometeu os crimes. Se é assim, tudo bem. Quando, em 2007, dois pugilistas cubanos pediram o mesmo asilo político no Brasil fugindo de Cuba, o ministro os extraditou sem pensar. Matou pela causa? Sem problemas, justifica-se. Mas tentar fugir de um país onde a liberdade de ir e vir não existe há 50 anos, aí já não pode.

15 de janeiro de 2009

"Bolsa Militância" e a Sociedade das Idéias Mortas

Por volta do dia 25 de janeiro, um grupo de mais de 40 alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) irá à Belém participar do Fórum Social Mundial. O que você, leitor, tem a ver com isso? Ora, besta, possivelmente é do seu interesse saber que você está pagando boa parte da aventura dos nossos revolucionários contra a globalização, o liberalismo e outros demônios intelectuais de mesmo calibre. Segundo o Departamento de Transportes da Universidade, serão gastos, no mínimo, cerca de R$ 4500 de combustível e mais R$ 2577,50 para os dois motoristas do ônibus. Antes de voltar à aventura de nossos peregrinos, algumas considerações.
O site oficial do Fórum nos conta que existirão discussões “democráticas” a respeito dos temas tratados. É claro que tal “democracia” se reduz à ortodoxia ideológica dos que lá estiverem. Ou seja, coloca-se a mão em cima das bíblias da esquerda e, a partir disso, se discute. Em 2005, um dos principais participantes do evento foi Hugo Chávez, aspirante a ditador da Venezuela. Alguns fatos sobre Chávez: pouco antes da invasão americana no Iraque, o venezuelano teve um cortês encontro com Saddam Hussein. O mesmo Saddam Hussein que usou armas químicas para acabar com boa parte dos curdos. Outro santo que caiu nas graças do venezuelano é Robert Mugabe, o ditador vitalício do Zimbábue ou, como quer Chávez, “guerreiro da liberdade”. Mugabe, em eleições recentes, tinha o hábito de formar milícias para forçar a população a votar e também gostava de eliminar alguns oposicionistas. Recentemente, Chávez, provando o que Orwell chamou de duplipensar, clamou ao mundo que George Bush fosse julgado por crimes de guerra. Com “amigos” como Hussein, Mugabe e, mais recentemente, Ahmadinejad, fica difícil engolir as bravatas humanitárias do venezuelano. Tinha que ser o Chávez mesmo!
E por que tantos fatos sobre Chávez? Ora, um evento que tem como uma de suas principais atrações as idéias de um defunto ideológico como Hugo Chávez deve ser visto com, no mínimo, desconfiança. Além disso, nossos revolucionários universitários, variação daquilo que Mendonza, Montaner e Llosa chamaram com sutileza de “perfeito idiota latino-americano”, devem parar de usar a palavra democracia em seu vocabulário. A revolução socialista solapa qualquer democracia viável por um motivo muito simples: colocando-se o aparato estatal a serviço de uma intitulada classe, o poder ficará eternamente nas mãos dessa classe. O resultado disso pode ser visto em Cuba, onde o mesmo mandatário mandou por quase 50 anos com mãos de ferro. Mais: a revolução solapa qualquer tipo de liberdade econômica. Não à toa os principais representantes da nossa esquerdopatia são antiliberais e estatistas. Ou seja, mais Estado e menos indivíduo: a tradicional obesidade institucional e burocrática que sufoca o espírito empreendedor e beneficia o clientelismo e a ineficiência.
Toda a esquerda é estúpida e retrógrada? Não. Basta olhar para o Chile da presidente Bachelet. Ela viu na abertura do país aos investimentos estrangeiros, na proteção à propriedade privada, na não alteração arbitrária das regras do jogo econômico e na noção de que a iniciativa privada produz mais riqueza que o Estado ótimas chances de gerar renda e, conseqüentemente, menos pobreza. Com a continuação da economia de modelo liberal, o Chile apresenta os melhores resultados da América Latina. Cita-se também o Brasil. Quando Lula, antes líder sindical, chegou ao poder, fez tudo aquilo que não se esperava de um esquerdista radical. Ou seja, agiu segundo o mercado. Pagou a dívida que tinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – outro monstro que nossa militância odeia sem saber direito o motivo -, terminou o primeiro mandato com um superávit comercial de 40 bilhões de dólares e com uma inflação inferior a 3%. Mesmo com vários escândalos de corrupção em seu governo, conseguiu se reeleger com ajuda do bom desempenho econômico. Qual, então, a reação do nosso militante? Insatisfação, claro. Os amantes do fracasso e do coitadismo não podem ver cifras positivas que rapidamente se levantam em diatribes contra qualquer coisa parecida com eficiência. É evidente que falta muito para a América Latina ter algum tipo de desenvolvimento semelhante às grandes economias liberais. Isso se deve a antiquários ideológicos de caudilhos como Chávez – que o que tem de burro tem de burro -, Morales e Correa e, principalmente, como assinalou o economista Roberto Campos, por causa de práticas como o mercantilismo patrimonialista, o estatismo e o nacionalismo.
Nossos revolucionários universitários entendem isso? Provavelmente não. Aliás, como assinalou Luiz Felipe Pondé em artigo escrito na Folha de S. Paulo há algum tempo, a militância socialista não costuma ser o maior exemplo de desempenho acadêmico. Em boa parte dos casos são apenas inocentes com sonhos revolucionários que nem se deram ao trabalho de ler ao menos Marx. Como disse Reinaldo Azevedo, atualmente o marxismo não produz mais nem mesmo marxistas.
Volto para a viagem de nossos estudantes. Será que quem tem um pensamento um tanto mais liberal e que, evidentemente, está custeando a viagem, será representado? Provavelmente não. Um “por que no te callas” vindo de um liberal não seria levado em consideração. Afinal, as premissas do encontro parecem já estar definidas. No final, provavelmente, como dito no início do texto, é só mais uma aventura estudantil. De militância vaga, boboca e intelectualmente nula. A antiga expiação de nossas mazelas pela cultura da inveja, característica de quem é avesso às responsabilidades individuais e delega ao Estado o papel eterno de pai.
A pergunta é: vale a pena gastar recursos do erário para bancar militância?