4 de setembro de 2007

A ladra insistente e os mercadores da fé

A prisão de Estevam e Sonia Hernandes nos Estados Unidos, líderes da Igreja Renascer, está provocando uma migração de fiéis para igrejas evangélicas menores. Decepcionados com as denúncias de estelionato e lavagem de dinheiro contra os bispos, eles buscam ajuda espiritual em outras casas de oração. O movimento é visível nos templos, já que há cada vez mais bancos vazios durante os cultos. A igreja nega o esvaziamento e diz que mantém 600 templos no Brasil. No passado, entretanto, a igreja chegou a ter cerca de 1.200 no Brasil e no exterior. Mesmo cumprindo prisão domiciliar nos EUA, a bispa Sonia continua pedindo doações nos cultos através de um telão. (O Globo)

A matriarca da quadrilha Renascer, vendo suas franquias perdendo clientela, decidiu, então, praticar estelionato de dentro da prisão. O difícil é constatar que existam pessoas suficientemente convencidas sobre uma perseguição ao casal Hernandes promovida por “forças diabólicas”. A lógica é bastante simples: a Justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público são entidades lá de baixo em luta contra o casal portador da revelação divina. Para estes, é mais fácil acreditar num embate jurídico-espiritual entre os reinos de Belzebu e Jeová do que a constatação do caráter duvidoso de seus líderes.

Os Hernandes não são os únicos oportunistas a tirarem proveito da credulidade alheia. Há um grande número de tele-evangelistas que principalmente nas madrugadas se dedicam ao ofício de subtrair. Como bem ilustra em tom irônico o jornalista Janer Cristaldo: "Se Deus o escolheu como patrocinador, você não pode recusar essa graça. O irmão vai passar o boleto bancário. Se você não sabe preencher, o irmão preenche. Se você não tem caneta, o irmão empresta". É possível que a sátira do articulista tenha sido inspirada no pastor Romildo Ribeiro Soares. R. R., como é conhecido, ensina em horário nobre a maneira adequada de preencher o boleto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Lulis Man!
Me amarrei no blog.
Está muito bem escrito, apesar de formal em demasia, em alguns momentos, eu acho.
Gostei especialmente do post sobre os livros e farsas e picaretagens. Totalmente de acordo.
Aquele abraço compadre!