3 de setembro de 2007

Dirceu quer controle de imprensa

Leio no Estadão de hoje que José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil e acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, pediu a regulação da imprensa no país. Estabelecer diretrizes éticas e profissionais – como já faz o código de ética da Fenaj – é legítimo e saudável. No entanto, um controle oficial institucionalizado, como deu a entender o ex-ministro, é absurdo. Seria instrumento de censura nas mãos do PT.
Aqui, o problema não foi o pedido, mas sim quem pediu. Munido de uma lustrosa cara de pau, Dirceu, acusado de corrupção ativa, justificou sua exigência com base no vazamento de pareceres judiciais e também pelas célebres fotos tiradas pelo repórter Roberto Stuckert, do Globo - as imagens capturam conversas por computador entre ministros.

Tentar calar a imprensa é uma boa maneira de fomentar a impunidade. Dirceu acredita que o eco dado pela imprensa ao escândalo, além de influenciar no julgamento, é baseado em uma mentira capciosa de Roberto Jefferson. "A palavra do Roberto Jefferson é zero, não vale nada. Veja a história dele, os antecedentes dele", salientou dirceu.

Tudo bem, Bob Jeff é integrante a laia e nada pode ser baseado somente em seu discurso. Mas será que a palavra do procurador geral da República Antônio Fernando de Souza bem como a decisão do STF de aceitar por unanimidade todas as denúncias contra Dirceu não valem nada? É difícil imaginar que o Supremo iria aceitar por unanimidade denúncias feitas sem nenhum embasamento por um procurador. O judiciário pode ser lento, mas burro certamente não o é.

A imprensa, por sua vez, erra, já errou e vai continuar errando. É claro, não é perfeita e está sujeita a más apurações e até mesmo a equívocos deliberados. Mas tem o dever social de fiscalizar os poderes em todas as instâncias e garantir ao cidadão o direito à informação. Em caso de abuso, existem os crimes de imprensa. Para Dirceu, seria adequado pedir honestidade sobre as intenções daquilo que fala. Pelo visto, pedir honestidade é pedir demais.
A respeito das fotos de Roberto Stuckert, eis o furo clássico. Jornalismo em estado puro.

Um comentário:

Gabriel Carvalho disse...

Bão memo era nos tempo do DIP...

abraço!