22 de junho de 2009

O choro é livre

Poucos dias se passaram desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acaba com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercer a profissão. Os protestos, claro, já são numerosos. Ora, qualquer um que tenha estudado jornalismo sabe que se aprende a fazer jornalismo fazendo, oh!, jornalismo. As graduações, grosso modo, oferecem uma abordagem rasa de assuntos como filosofia, economia, sociologia e alguns outros emaranhados teóricos. Quando oferecem muito, dão ao aluno técnica razoável para redigir um lead e matéria redondinhos.

Nada, é claro, que uma pessoa relativamente talentosa não aprenda diretamente com a prática. Se assim não fosse, não teria como haver jornalismo antes da fundação da Cásper Líbero, que é a primeira escola de jornalismo brasileira - fundada ali pelos idos da década de 1940. Desregulamentar a profissão traz os benefícios de aumentar a concorrência entre profissionais, eliminar uma reserva de mercado que não tem razões para existir e, além disso, como um bom efeito colateral, elevar o nível das faculdades que ensinam jornalismo. Já que houve a desregulamentação, que os cursos ofereçam algo de diferente, então.

É inútil também argumentar que com o fim da obrigatoriedade do diploma qualquer um poderá ser jornalista. Em primeiro lugar, e até onde me chegou, quem vai diferenciar os bons dos ruins é, no fim das contas, a demanda que consome jornalismo (e evidentemente os veículos de comunicação ficarão ligados em suas redações para ajudar a diferenciá-los). Nenhum jornal quer arriscar perder leitores por culpa de uma burrada de jornalista incapaz. A própria competição entre diferentes veículos de comunicação serve como uma espécie de filtro que tende a eliminar os mais fracos. A medida do STF só ratifica a obviedade de que se um diplomado for mais fraco do que um não diplomado, que o primeiro saia e dê lugar ao segundo.

Em tempo, me assombra o barulho feito por causa da comparação que o ministro Gilmar Mendes fez entre jornalistas e cozinheiros. Os jornalistas deveriam se sentir honrados! Bom cozinheiro atualmente é moeda rara no mercado. Não estão, de forma alguma, abaixo dos jornalistas. Mas entendo. Por vezes o ego apita mais alto. Por fim, meu recado aos diplomados militantes é: se o curso de jornalismo é necessário como vocês acreditam que é, o provem no próprio mercado. Ora, se vocês estiverem certos, não há muito o que temer, não é mesmo?

Um comentário:

Samuel Barbi disse...

Excelente comentário meu caro Lulu...
Como eu gostaria de escrever com a clareza das suas palavras!!!
Desculpa a demora em comentar no seu blog... pretendo ser bem mais assíduo agora na blogsfera, já que agora despertei para a eficácia deste instrumento...
Bem, no mais... segue a dica... construa seu twitter!!! ^^
Não se esqueça disto!