30 de maio de 2009

Teatrinhos e sujinhos

Ontem eu estava no bar. Como de costume, eu queria beber alguma cerveja com meus amigos e falar mal de pessoas que, obviamente, não estavam no bar. Ali pelas onze e meia da noite entram no boteco uma menina com aspecto sujinho e um rapaz de vinte e poucos anos. A menina portava um enorme tambor e o rapaz estava sem camisa e vestia uma saia. Comecei a ter coceiras. Se tratava de mais uma daquelas malditas misturas de peças de teatro com estética circense com um quê de vulgata política. Um teatrinho de tese do mais vagabundo. Faz a gente desejar que o governo corte imediatamente as verbas direcionadas aos departamentos de artes cênicas.

Não teve jeito. A menina se acomodou exatamente do meu lado e começou a tamborilar em um ritmo especialmente irritante. Composto exatamente para desagradar o ouvinte. Enquanto ela agredia o tambor, o rapaz ficava de quatro no chão e dizia algumas coisas mais ou menos ininteligíveis. A minha reação - além da coceira - foi a que qualquer ser humano minimante sensato poderia ter: tentar atrapalhar, é claro. No fim da apresentação, o veredito era óbvio: que, com exceção do enterro de minha avó, aquilo era a coisa mais desagradável que eu já tinha visto na vida. Por fim, pus três moedas de 10 centavos no boné para irem embora.

Movimentos estudantis adoram esse tipo de teatro. Costumam pintar a cara e ir aporrinhar alguém em algum lugar. O problema é que essa modalidade de manifestação está cada vez mais com aspecto de mendigo. A intenção normalmente é chocar os pobres espectadores com alguma idéia, mas o máximo que andam conseguindo é chocar o nosso olfato. É nessas horas que qualquer pessoa um pouquinho só mais cínica dá uma risadinha quando lembra que Augusto Boal está agora fora de circulação.

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