"É proibido pensar". O título da boa música do compositor protestante João Alexandre me lembra – mais uma vez! – George Orwell. No influente romance 1984 o autor menciona a Polícia do Pensamento, que, de helicóptero, sobrevoa as casas para bisbilhotar a vida dos cidadãos. É bom lembrar que o romance de Orwell retrata uma sociedade totalitária. Dessa forma, o partido é a razão de viver da população, a prostituição semântica e a falsificação histórica constituem a regra e o culto à personalidade de um ditador é compulsório.
Mas e daí? Não vivemos em um estado totalitário. Não há nenhuma polícia do pensamento. Não há um ditador vitalício com a cara estampada em todas as esquinas. É óbvio que as três proposições anteriores são verdadeiras. Isso, contudo, não é suficiente para eliminar a existência de certo patrulhamento (informal) que se encrava justamente no pensamento. O alarme soa quando se constata que determinados valores são - só por serem, digamos, moderninhos - colocados em um patamar de superioridade intelectual. Adota-se qualquer entulho como vanguardista e a predicação positiva é quase imediata. Desse modo, tudo aquilo que vai em sentido contrário é, por definição, retrógrado ou, para usar o velho clichê, reacionário.
De fato, pensar contra a corrente está ficando cada vez mais arriscado. É só ver a conotação imediata que palavras como “família”, “princípios” e “fidelidade” possuem atualmente. São tidas como antigas e anacrônicas. É uma espécie de ditadura velada de valores (ou da falta deles) que está em voga. Não ser moderno virou anátema. Não ser subjetivista se tornou motivo de repreensão. A palavrinha “moral” virou palavrão. Não ser politicamente correto transformou-se imediatamente em reacionarismo ideológico. Tudo isso em nome de um progressismo idiota que domina a cabeça de boa parte da nossa intelligentsia. Um vírus cultural pretensamente tolerante e inclusivo que na prática é intolerante e exclusivo com o diferente. Algo como um relativismo não relativo em que os que não comungam dos dogmas da tal tolerância e inclusão já estão errados - a priori.
O vídeo da música, logo abaixo, é uma crítica aos atuais modismos que vem assolando há tempos a comunidade evangélica. Mas a mensagem pode ser transportada para outras esferas. A dica da música veio de Samuel Barbi, um grande e sensato amigo.
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